Lídia Jorge: “O universo das mulheres avança a diferentes velocidades”

Há 34 anos, enquanto os jornalistas que escreviam para o PÚBLICO o deixavam de fazer “para o boneco” e o jornal chegava finalmente às bancas, Lídia Jorge andava para os lados da Rua D. João V, no bairro lisboeta do Rato, e olhava para as jovens mulheres carregadas de sacos de plástico de onde saíam pacotes de leite e folhas de couves, com quem, por vezes, partilhava o assento do autocarro. Delas rescendia cheiro a lixívia e a produtos de limpeza, um cansaço que as fazia adormecer no caminho para a família, depois de uma longa jornada de trabalho. “Quero imaginar que há muito as suas filhas tiveram futuros diferentes.” Que estudaram, que andaram na universidade, que se tornaram enfermeiras, jornalistas ou deputadas na nação.

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