Fernando Araújo, um verdadeiro “senhor”

Fernando Araújo é uma pessoa competentíssima profissionalmente como está à vista no Norte do país, onde o serviço prestado pelas unidades locais de saúde, de que foi criador, continua a ser um sucesso completo e indesmentível. A ministra da Saúde actual, Ana Paula Martins, sempre foi contra a criação das ULS defendida por Fernando Araújo e por isso se demitiu, em Janeiro de 2024, do cargo de directora do Hospital de Santa Maria. Porque será que o que corre bem no Norte nunca é aceite por Lisboa?

Ao pedir a demissão do cargo que ocupava, após algumas indirectas da ministra da Saúde actual, Fernando Araújo provou, uma vez mais, a forma como agem os verdadeiros “senhores”, quando disse que só queria que a demissão fosse efectivada após a entrega do relatório pedido pela ministra.

Assim agem os homens com princípios. Assim agem os homens que só se preocupam com o bem geral da população e não com agendas pessoais ou políticas. Como fazem falta homens como Fernando Araújo! Se eu fosse a ministra da Saúde, convidava-o para reassumir o cargo. Não há, infelizmente, muitos Fernandos Araújos, o que é uma pena.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

A grande vitória do 25 de Abril

Celebrar o 25 de Abril é comemorar a queda de um regime opressivo, retrógrado, colonialista e empobrecedor, a conquista da liberdade de expressão, reunião, associação, imprensa e costumes e a instauração de uma democracia multipartidária, pró-ocidental e capitalista, do Estado de direito e da separação de poderes. Não se trata de exaltar o cerco ao Parlamento, as expropriações, as milícias armadas e os seus atentados, as perseguições, os saneamentos, os presos e os assassinatos políticos, incluindo os de um primeiro-ministro e um ministro da Defesa.

A grande vitória do 25 de Abril e do processo de democratização, que culminou com a revisão constitucional de 1982 e o fim do Conselho da Revolução, traduz-se no regime que temos hoje, com todas as suas qualidades e defeitos e que deve ser sempre participado e melhorado. Não no que chegou a ser ou no que poderia ter sido.

Viva o 25 de Abril, sempre!

Tomás Júdice, Lisboa

Os ressentidos do 24 de Abril

A vaga de fundo que anima os partidários da extrema-direita, a reboque da eleição de 50 deputados e da conquista de uma vice-presidência da Assembleia da República — que avilta a sede da democracia —, só pode suscitar o receio de quem recusa a troca dos cravos pelas ervas daninhas do ressentimento. Que o cinquentenário de Abril venha a ter na mesa presidencial do Parlamento, no quadro da comemoração da efeméride, a pachecal figura de alguém que esteve moralmente envolvido numa rede bombista dos saudosos do fascismo, eis o pesadelo de todos os amantes da liberdade. Para o tornar ainda maior, recebemos recentemente a notícia de que o verdadeiro demiurgo dessa mesma rede, ou seja, Spínola, tinha sido condecorado — à socapa — pelo Presidente da República. Mais negro não poderia ser, portanto, o cenário em que vai refulgir o vermelho das flores da Revolução.

Eurico de Carvalho, Vila do Conde

Glória ao 25 de Abril!

O meu mestre-escola e notável jornalista, Viriato Dias, director do Jornal da Costa do Solrelembrava-nos na nossa comemoração evocativa do 25 de Abril: “Tudo o que escrevíamos tinha de ir à censura.” Criminosa. Muitas, muitas vezes, o miserável censor lápis azul cortava tudo. Tinha de se reescrever, com toda a ginástica mental da imaginação, para produzir a mesma ideia com outras palavras, com frequência nas entrelinhas… A autocensura ainda foi mais diabólica.

A imprensa foi deveras vergastada, ofendida, mutilada e jamais quereremos e lutaremos para que essas abjectas humilhações regressem. Mas, atenção!, o quadro político actual não está fácil… O célebre Ferreira de Castro, autor de uma obra-prima, Selva (a ler), foi obrigado a ser escritor, porque não quis ser jornalista censurado

O glorioso 25 de Abril, com um brilho nos propósitos, acabou com os exames prévios e mordaças e, a todos(as) os(as) que nos proporcionaram fazer da escrita criação, mensagem e megafone, neste caso, a minha maior gratidão!

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

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