A Justiça e o justo

Não é a primeira vez que surgem petições para que seja feita uma reforma na justiça. Já em tempos a Sedes (1/10/2021) a pedia. Ninguém compreende que se peça a recuperação dos desmandos do colonialismo e da escravatura e ninguém responda pelo atraso de dezenas de anos na decisão dos tribunais. A soberania da Justiça nas sentenças é um princípio fundamental num Estado de direito, mas a Justiça não pode, no seu funcionamento, andar em roda livre, não se preocupar com o justo! Não pode querer uma associação sindical para reivindicar direitos e não querer que ninguém a responsabilize pelos seus deveres. A Justiça não se pode separar do justo, carácter moral da justiça! Mas não é só no seu funcionamento que este divórcio se manifesta! Há imensas leis de conveniência e discriminatórias que têm de ser corrigidas. Como perceber que, no Tribunal Administrativo, quem ganha uma questão na primeira instância e a perde na Relação não possa recorrer para o Supremo, se se sentir injustiçado? (…) Também há uma outra questão: em muitos agentes da justiça e das polícias, a primeira presunção que existe é a do crime e não a da inocência. É preciso uma grande reforma na arquitectura jurídica e no modo de funcionamento da Justiça e acabar com as “portas giratórias” entre a Justiça e a política. A Justiça e o justo (carácter moral da justiça) não podem continuar divorciados!

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