Xi Jinping chegou este domingo a França com “três mensagens da China”, tal como escreveu num artigo de opinião no diário Le Fígaroprometendo abrir os mercados chineses às empresas ocidentais, assegurando compreender a importância da questão ucraniana para os europeus e reiterando o seu respeito à coexistência pacífica entre Estados.

Naquela que é a sua primeira visita à Europa ocidental em cinco anos, e que o levará depois à Sérvia e à Hungria, dois países com simpatias pela Rússia, o Presidente chinês aterrou durante a tarde em solo europeu numa altura em que os Estados-membros da União Europeia estão divididos quanto à posição a tomar em relação à China.

“Na Europa, não somos unânimes sobre o assunto porque alguns actores continuam a ver a China como um mercado de oportunidades”, afirmou o Presidente francês, Emmanuel Macron, sem citar nenhum país em particular.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, alegou compromissos anteriores para não estar presente em Paris para se reunir com Xi Jinping, num encontro que Macron e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, agendaram, numa tentativa do chefe de Estado francês para dar uma dimensão europeia ao diálogo franco-chinês.

No entanto, segundo o MundoMacron e Scholz coordenaram-se para ter uma frente unida face à China num jantar realizado na quinta-feira em Paris, sinal de um apaziguamento na relação entre os dois países depois de meses de tensão (Scholz trazia informações novas para partilhar fruto da sua visita oficial à China de meados de Abril, a primeira que realizou como chanceler). Fruto também da necessidade de concertar esforços para reequilibrar o comércio com a China e tentar, mais uma vez, que Xi altere a sua posição em relação à Rússia e que mova a sua influência junto do Presidente Vladimir Putin para que se encontre uma solução para o conflito na Ucrânia.

Em entrevista à EconomistaMacron apelou aos outros membros da UE que defendam os “interesses estratégicos” e a segurança nacional da Europa através de um relacionamento comercial de “reciprocidade” com a China. “Há muitos sectores em que a China exige que os produtores sejam chineses, porque são muito sensíveis. Bem, nós, europeus, devemos ser capazes de fazer o mesmo”, disse o Presidente francês.

Por seu lado, o líder chinês, que foi recebido no aeroporto pelo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, disse em comunicado que as relações sino-francesas eram “um exemplo para a comunidade internacional de coexistência pacífica e de cooperação vantajosa entre países com sistemas sociais diferentes”.

Sobre isso, Paris também quer ter uma palavra a dizer: “Se os chineses pretendem aprofundar as relações com os parceiros europeus, é muito importante que ouçam o nosso ponto de vista e comecem a levá-lo a sério”, disse uma fonte diplomática francesa à agência Reuters.

Em Abril, numa conversa com estudantes na China, Scholz, transmitia a mensagem, segundo o New York Timesde que “a competição tem de ser justa” entre os países e que a Europa pretende “igualdade de condições” na sua relação com a China.

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