A ministra da Saúde, Ana Paula Martins disse este Domingo que conta ter “em breve” uma nova liderança da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), confirmando que “é importante continuar a ter” em funcionamento este organismo, até agora liderado por Fernando Araújo, que no passado dia 22 de Abril pediu a demissão do cargo. Mas não se comprometeu que, este Verão, não volte a haver necessidade de fechar urgências de maternidades e outras ou de manter os funcionamentos rotativos que têm estado a vigorar, devido à falta de pessoal médico.
“Temos que trabalhar com a ainda actual Direcção Executiva e com a próxima DE-SNS – que ainda não temos mas que contamos ter em breve – para que se faça esta transição em termos de gestão da forma mais eficaz e mais adequada”, disse Ana Paula Martins, garantindo que o Governo não quer continuar a ter, como tem acontecido na região de Lisboa e Vale do Tejo e “com frequência, na Península de Setúbal, mulheres grávidas que não sabem onde é que podem ir ter o seu bebé”.
Quanto à estratégia que irá ser seguida, dada a previsível falta de profissionais de saúde para assegurar todas as escalas necessárias, designadamente nos meses de Verão, Ana Paula Martins disse aos jornalistas que “compete à DE – a que temos hoje e a que que vamos continuar a ter”, fazer esse trabalho, em articulação com os conselhos de administração das Unidades Locais de Saúde (ULS), a quem deixou palavras de apreço.
“Hoje temos 39 pelo país inteiro. Estas ULS têm uma articulação que se pretende virtuosa e eficaz com os cuidados de saúde primários que são um importante no apoio às situações agudas”, disse a ministra, mostrando que a reforma que começou a ser levada a cabo em Janeiro pelo demissionário director executivo do SNS, Fernando Araújo, é para continuar. Recorde-se que o demissionário director do SNS pediu que a sua saída só se efectivasse após a entrega do relatório pedido pela tutela que, como o PÚBLICO já escreveu, quer entregar até ao final do mês de Maio, não esgotando o prazo de 60 dias que lhe foi dado pela ministra.
Questionada sobre se a reabertura do bloco de partos do Hospital de Santa Maria, prevista para Junho, vai permitir normalizar a resposta em ginecologia e obstetrícia na região de Lisboa e Vale do Tejo (onde têm existido mais constrangimentos), Ana Paula Martins mostrou-se esperançosa que sim, mas não se comprometeu que não possa haver necessidade de voltar a encerrar serviços nos meses de Verão, devido às férias dos profissionais de saúde.
Lembrou que a requalificação e a transformação do blocos de partos de Santa Maria, que por vezes tem obrigado a enviar grávidas para o sector privado, “terá sido o maior de todos os investimentos a nível nacional”, que passou não só por expandir a possibilidade de acesso mas por uma nova área para a neonatologia, e que o objectivo desta reorganização é que Santa Maria passe a ser “uma das maiores maternidade do país e dar resposta à região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT)”
“Sim, temos que ter condições já neste Verão para ter respostas diferentes e é isso que neste momento o Governo tem como prioridade máxima garantir, além do Plano de Emergência que responde, também, a outras coisas”, assegurou Ana Paula Martins, em declarações aos jornalistas, após uma visita ao Hospital de São João no Porto, para inaugurar a requalificação do Serviço de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia.
Ana Paula Martins lembrou que, tradicionalmente, o Verão e o Inverno “são sempre períodos de maior pressão” no SNS, “não só porque temos mais gente em circulação, mas também porque os nossos profissionais, merecidamente, também têm as suas férias e as suas pausas de descanso”.
Tentar reter profissionais
Questionada sobre se teme que as recentes saídas de profissionais do SNS possam vir a agravar essa situação, a ministra preferiu dar uma nota positiva e de optimismo, garantindo estar atenta às suas necessidades.
“Os profissionais saem do SNS por muitas razões mas, muitas vezes, porque não sentem que tenham ali o seu projecto de vida e isso é algo que o Governo tem que assumir responsabilidades objectivas para contribuir para criar essas condições”, afirmou.
Além disso, insistiu que “a solução para os problemas que temos no Serviço Nacional de Saúde só se resolve se os nossos profissionais e as nossas equipas, que são inestimáveis, forem ouvidos”, bem como os Conselhos de Administração das ULS, como disse que fez este domingo no Porto.