O total de estudantes inscritos no ensino superior público que também exercem uma profissão aumentou 24% nos últimos cinco anos. No ano lectivo que está agora a terminar há mais de 30 mil alunos nas universidades e politécnicos que têm uma actividade laboral em simultâneo.
Os dados são avançados pelo J.ornal de Notícias na sua edição desta terça-feira, com base em informação recolhida junto das instituições de ensino superior públicas.
Aquele diário considera os dados de 23 (de um total de 28) universidades e politécnicos que permitem uma comparação a cinco anos para concluir que houve um aumento de 24% no total de inscritos com aquele estatuto nesse período.
No ano lectivo de 2019/20 eram cerca de 21 mil os trabalhadores-estudantes em Portugal. Este ano, nas mesmas instituições, são 26.264.
Ao todo, 26 instituições públicas partilharam os seus dados relativos aos estudantes inscritos neste ano lectivo com o JNtotalizando 32.036 trabalhadores-estudantes. Este número pode ainda aumentar, já que há pedidos de alunos que querem passar a ser abrangidos pelo estatuto – que permite, por exemplo, ter falta justificada ao trabalho em dia de exame e no dia anterior, bem como uma licença sem vencimento de dez dias úteis por ano – ainda à espera de validação pelas instituições de ensino superior.
Estes números confirmam uma tendência que vem sendo verificada nos indicadores oficiais divulgados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência. Os dados mais recentes dizem respeito ao ano lectivo 2021/22 e indicavam que havia mais de 34 mil trabalhadores-estudantes no ensino superior nacional – contabilizando tanto as instituições públicas como as privadas.
Nos últimos anos houve um aumento do número total de inscritos no ensino superior, passando de 397 mil em 2019/20 para 446 mil no ano passado. Esse aumento, de 12,4%, é inferior ao registado no caso dos trabalhadores-estudantes (mais 21,14%, no mesmo período), pelo que o crescimento do sector não é suficiente para explicar este fenómeno.
Ao JNos dirigentes das principais associações académicas justificam o crescimento no número de trabalhadores-estudantes com o aumento do custo de frequência do ensino superior nos últimos anos. Apesar de o valor máximo que pode ser cobrado pelas propinas de licenciatura estar congelado desde 2020 (depois de dois anos de diminuição), houve um incremento de outros custos associados à frequência de um curso superior, nomeadamente o alojamento, mas também a alimentação e os transportes.