Portugal com mais doentes com diabetes, hipertensão e cancro

A prevalência de doenças crónicas como a diabetes, a hipertensão e o cancro aumentou em Portugal entre 2019 e 2022, um cenário que é comum a todas as regiões do país. Os dados são de um estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) sobre os cuidados de saúde primários, publicado esta segunda-feira. Entre muitos outros indicadores — como o número de utentes sem médico de família e a quantidade de consultas realizadas nos centros de saúde — também se analisou a prevalência de doenças crónicas e neoplasias entre os utentes portugueses.

A nível nacional, os resultados indicaram um aumento da proporção média de doentes com diagnóstico de hipertensão arterial de 0,1 pontos percentuais (p.p.) entre 2019 e 2020, de 0,2 entre 2020 e 2021, e de 0,6 entre 2021 e 2022. A nível regional, todas as regiões de saúde apresentaram aumentos no ano de 2022, sendo esta subida mais expressiva nas regiões de saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo.

O número de doentes com diagnóstico de diabetes também aumentou no período analisado, quer a nível regional, quer para Portugal continental. Em 2022, a proporção média de utentes com diabetes foi de 8,8% em Portugal continental, com as regiões de saúde do Alentejo, Centro e Norte a exibirem os valores mais elevados. Os resultados indicaram também uma subida da incidência de neoplasias malignas (cancros) em Portugal continental, com excepção do ano de 2020, o que, segundo os autores do estudo, “poderá estar associado à diminuição de diagnósticos durante a pandemia de covid-19”. Em 2022, a proporção média de utentes com diagnóstico de neoplasias malignas era de 6,0‰, com as regiões de saúde do Norte e Centro a exibirem os valores mais elevados, de 6,4‰ e 6,2‰, respectivamente.

Para avaliar a prevalência destas doenças, foi considerado o período compreendido entre 2019 e 2022, por região de saúde, e as proporções médias de utentes com diagnósticos de cada uma das doenças no final de cada ano.

Os autores analisaram também o número de utentes com diabetes, doença respiratória crónica, doença cardíaca crónica, ou com idade superior a 65 anos com a vacina da gripe prescrita ou efectuada nos 12 meses anteriores. E concluíram que o número de doentes de risco com a vacina da gripe (prescrita ou tomada) aumentou entre 2019 e 2021, mas voltou a diminuir no ano seguinte, tanto em Portugal continental, como a nível regional. Em 2022, as regiões de saúde do Algarve, de Lisboa e Vale do Tejo e do Alentejo apresentaram as menores proporção de utentes de grupos de risco com vacina da gripe prescrita ou administrada.

O número de consultas aumenta

O estudo também se debruçou sobre o número de consultas realizadas nos cuidados de saúde primários, que aumentou entre 2019 e 2022. No total, em 2022, realizaram-se 32,7 milhões de consultas médicas, mais 3 milhões do que em 2019. Foi a Norte que se realizou o maior número de consultas (mais de 14 milhões), seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (9 milhões) e Centro (6 milhões). Foi na região do Algarve que se realizaram menos consultas, um total de 1,1 milhões em 2022.

Já as consultas médicas não presenciais aumentaram nos anos de 2019, 2020 e 2021, e diminuíram em 2022, registando-se o maior aumento entre 2019 e 2020 na região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo (116,5%), e entre 2020 e 2021 na região de saúde do Algarve (16,8%). À semelhança das consultas médicas presenciais, também foi na região Norte que se realizou o maior número de consultas não presenciais: 7,2 milhões no ano de 2022.

A nível nacional, entre 2019 e 2020, houve um decréscimo do número de consultas ao domicílio de 41,1%, o que, segundo os autores do estudo, estará associado à pandemia de covid-19, sendo certo que, em termos regionais, o decréscimo foi mais acentuado na região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo (-53,9%). Entre 2020 e 2021, a tendência inverteu-se e verificou-se um aumento no número de domicílios médicos em todas as regiões de saúde, apesar de não se terem sido atingidos valores semelhantes aos do período anterior à pandemia. Entre 2021 e 2022, três das cinco regiões de saúde apresentaram um decréscimo neste indicador (com excepção das regiões de saúde do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo).

A ERS refere que realizou este estudo com o objectivo de “proceder a uma avaliação do desempenho” das Unidades de Saúde Familiares (USF) e Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) dado o contributo que o bom funcionamento deste nível de cuidados pode “aportar para a eficiência e eficácia do sistema de saúde no seu global e, consequentemente, para o acesso e bem-estar dos utentes”.

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