Foi “uma prova equilibrada”, cujo grau de exigência foi “inferior ao da 1.ª fase de 2023”, prevendo-se, por isso, uma subida da média nacional relativamente ao ano passado, no qual os alunos se ficaram pelos 11 valores. É esta a primeira leitura da Associação de Professores de Matemática (APM) sobre o exame de Matemática A do 12.º ano, realizado esta quarta-feira por 32.023 alunos.

Para a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), a prova foi também “acessível e equilibrada”, com “uma boa adequação em termos da avaliação dos conhecimentos que se devem adquirir nesta disciplina”, ao longo do ensino secundário. No entanto, destaca “um menor grau de dificuldade do que a do ano anterior que resulta da estrutura e da inexistência de questões mais desafiantes”, cuja existência considera fundamental numa prova de avaliação externa. A APM destaca, por outro lado, o facto a prova não ter “itens diferenciadores entre os bons alunos e os alunos médios”, considerando ainda que foi ao encontro das Aprendizagens Essenciais (AE) e do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.

Ambas as instituições destacam a inclusão, “pela primeira vez”, de um item obrigatório de Estatística, “facilmente executado na calculadora”. “Este item substituiu o item obrigatório sobre sucessões”, refere a APM no parecer enviado ao PÚBLICO.

Sobre este item, a SPM considera que “seria de esperar uma questão mais adequada a este nível de ensino”, considerando que “qualquer aluno do ensino básico saberia responder às três primeiras questões”. “Com a introdução dos dados na calculadora gráfica, a obtenção da solução é imediata”, refere no parecer também partilhado com o PÚBLICO.

Estrutura das provas deve merecer “reflexão”

A prova contém itens que saem normalmente em exames, nomeadamente um com composição sobre funções, que a APM considerou “bastante acessível”. Incluiu ainda outros de geometria analítica, de funções, de probabilidade condicionada e cálculo combinatório, assim como um item de complexos sobre raízes, que a associação considerou também “simples”. No item que prevê o recurso à calculadora, a APM considerou que a expressão a inserir na máquina foi “bastante mais “simpática” do que a de anos anteriores, o que tornou a questão “bastante acessível”.

À semelhança de anos anteriores, o exame de Matemática A teve também itens facultativos, isto é, além dos obrigatórios, há mais seis itens dos quais só contam para a classificação final da prova os três em que os alunos obtenham melhor pontuação. Este lote incluiu, por exemplo, um exercício de progressões aritméticas “acessível” e um item de probabilidades com cálculo combinatório que, “após uma leitura bem feita não oferece grandes dificuldades”, considerou a APM.

Sobre este assunto, a SPM considera que a decisão de excluir da classificação final alguns dos itens “continua a provocar insuficiências quanto à diferenciação dos desempenhos dos alunos, sobretudo porque eleva artificialmente desempenhos e também compromete a seriação no acesso ao Ensino Superior com critérios equitativos”.

A APM congratula-se ainda com o facto de o exame não contar para a classificação da disciplina, mas apenas como prova de ingresso no ensino superior. Foi uma regra instituída na pandemia, que terminará agora com o novo modelo de exames, já em vigor, e que será gradualmente alargado aos três níveis do secundário nos próximos anos.

Numa nota final, a SPM salienta que há uma série de características destas provas que devem merecer uma reflexão, a começar pelo número de questões (que diminuiu desde 2020, no decurso da pandemia) e das questões de resposta múltipla, cuja cotação aumentou. “Parece-nos que seria de repensar estes aspectos da estrutura, de forma a voltar a níveis de exigência e rigor mais adequados a uma prova deste tipo”, considera a SPM. “Atendendo ao papel da avaliação externa na melhoria da aprendizagem, salientamos a importância vital da consistência das provas ano após ano. Será, pois, importante não reduzir a eficácia de cada item e da prova no seu todo na sua função de avaliar os alunos, respeitando os vários níveis de desempenho e, consequentemente, a respectiva seriação no acesso ao Ensino Superior”, sublinhou ainda no seu parecer.

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