Dois reféns de nacionalidade portuguesa permanecem desde 7 de Outubro de 2023 retidos na Faixa de Gaza, desconhecendo-se a sua situação actual, afirmou esta terça-feira, 18 de Junho, o ministro dos Negócios Estrangeiros no Parlamento.

Segundo Paulo Rangel, que indicou não poder avançar muitos detalhes, eram três os cidadãos nacionais entre os reféns do Hamas. A morte de um deles, o luso-israelita Dror Or, de 49 anos, foi confirmada por Israel em Maio e o seu corpo continua no enclave palestiniano.

Sobre os outros dois, o ministro disse desconhecer a sua situação, mas referiu que tinham adquirido nacionalidade portuguesa antes do ataque do Hamas, no qual o grupo islamista fez mais de 200 reféns.

Paulo Rangel falava numa audição sobre a situação na Faixa de Gaza na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, a pedido do Bloco de Esquerda e do PCP, e respondia a uma pergunta do deputado da Iniciativa Liberal Rodrigo Saraiva sobre a existência de portugueses entre os reféns.

Já a deputada comunista Paula Santos questionou o ministro sobre diligências para retirar familiares de um cidadão português retidos na Faixa de Gaza.

O governante esclareceu que o português é casado com uma mulher luxemburguesa, cuja família está no enclave palestiniano, pelo que compete às autoridades daquele país responder a esta situação.

MNE deu parecer desfavorável à exportação de armas para Israel

Ainda nesta terça-feira, o chefe da diplomacia portuguesa anunciou que deu, no início de Junho, parecer desfavorável à exportação de armas e munições para Israel.

“Dei parecer desfavorável a qualquer exportação de armas para Israel. Fi-lo há cerca de 15 dias. Esse ponto tem de ficar muito claro”, declarou Paulo Rangel na Assembleia da República, em resposta a uma pergunta da deputada Paula Santos sobre a posição do Governo português quanto à continuidade do acordo de associação entre Israel e a União Europeia.

O ministro disse que “não seria favorável a uma suspensão, em princípio” do acordo, mas, sustentou, “é óbvio que há medidas que devem ser tomadas”, exemplificando com a “medida unilateral” adoptada por Portugal em relação às exportações.

Instado pelo PCP e Bloco de Esquerda a esclarecer por que motivo Portugal ainda não fez o reconhecimento formal do Estado da Palestina, reiterou que o Governo está “em permanente avaliação dessa situação” e que, “em termos jurídicos, os requisitos para o reconhecimento não estão preenchidos”. “Enquanto esta posição que temos, de aguardar algum tempo pelo reconhecimento formal, for útil e estiver a produzir resultados positivos, vamos mantê-la.”

“Nós temos um papel de mediação muito importante, ainda conseguimos também falar com o Governo israelita, o que não deixa de ser importante neste contexto, ter algum canal aberto para lá, coisa que outros, entretanto, alienaram”, disse Paulo Rangel.

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