Bayern Munique e João Palhinha cumprem destino até 2028

João Palhinha não tinha como fintar o destino nem evitar o chamamento do colosso alemão da Baviera. Ontem, o médio português respondeu à segunda chamada, oficializando, aos 29 anos, um contrato com validade para as próximas quatro épocas, juntando-se aos reforços Hiroki Ito e Michael Olise.

Isto, depois da tentativa frustrada do Verão de 2023, quando o Bayern Munique falhou a inscrição do internacional luso no último dia de transferências.

Agora, para evitar surpresas, o clube de Munique acautelou a aquisição do médiopagando 51 milhões de euros aos ingleses do Fulham (o Sporting encaixará cerca de três milhões, referentes a 10 por cento de mais-valias). Uma verba que supera em 16 milhões a investida em 2016 na contratação do primeiro português a juntar-se aos “os vermelhos”.

Então, Carlo Ancelotti pediu ao presidente Uli Hoeness o jovem benfiquista Renato Sanches, igualmente médio, mas de características distintas das de Palhinha, que é apenas o quinto português a envergar a camisola do emblema mais titulado do futebol alemão e que tenta corrigir o “desastroso” terceiro lugar de 2023-24, após um reinado de onze anos.


Palhinha tem em Renato, Tiago Dantas, João Cancelo e Raphaël Guerreiro — lateral com nove anos de futebol alemão, que encontrará no plantel deste ano —, referências que podem ajudá-lo na transição para a Bundesliga. Campeonato onde não faltam exemplos de outros jogadores lusos, desde os campeões Paulo Sousa (Dortmund), Fernando Meira (Estugarda) e Ricardo Costa (Wolfsburg) até aos mais recentes Diogo Leite, Gonçalo Paciência, Tiago Tomás e Aurélio Buta.

Palhinha pode não ser o primeiro português nem a maior transferência da história do Bayern Munique, apesar de entrar directamente para o quinto lugar, apenas atrás do avançado inglês Harry Kane (95 milhões), do francês Lucas Hernández (80M), do neerlandês Matthijs de Ligt (67M) e do francês Michael Olise (53M), superando nomes como Min-jae Kim (50M), Leroy Sané (49M) e Upamecano (42,5M), mas pode, ainda assim, reclamar o estatuto de médio mais “caro” de sempre do clube.

Panzer feito em Portugal

Para muitos, a história de João Palhinha poderia começar com um prosaico “era uma vez…”, conferindo-lhe o cariz de conto de fadas.


Mas esse é um conceito raro também no futebol e Palhinha é o exemplo de quem teve de lutar contra ventos e marés. Trajecto — ou “A longa aprendizagem…” — de que já demos conta nestas páginas há três anos e meio, quando, finalmente, se afirmou em Alvalade… a um ano da transferência para Inglaterra.

Pelo caminho encontrou treinadores como Jorge Jesus, Marco Silva e, finalmente, Rúben Amorim, com quem se afirmou depois de um ano de trabalho com o actual técnico dos “leões” na Pedreira de Braga. Tudo, sem esquecer as influências de Miguel Leal (Moreirense), Julio Velázquez ou Quim Machado (Belenenses), com quem se cruzou nos sempre complicados anos de empréstimos.

Mas, talvez o mais importante tenha sido o improvável Abel Ferreira, que, entretanto, ganhou estatuto de herói dos brasileiros do Palmeiras. Abel “descobriu-o” no Sacavenense, lapidou-o nos juniores e na equipa B do Sporting e no primeiro ano de Sp. Braga, antes da “eclosão” do verdadeiro Palhinha, que seria fundamental nas campanhas e nos títulos do Sporting nos dois anos seguintes.

Depois da passagem pelo Fulham de Marco Silva, que não aproveitou Palhinha no Sporting, o médio será dirigido pelo neerlandês Vincent Kompany, sucessor do alemão Thomas Tuchel. Curiosamente, dois técnicos com profundo conhecimento do futebol inglês e dos seus principais valores, como o panzer português.

Daí que tenha sido pacífica a aposta em Palhinha, apesar da mudança de treinador. Também o valor pago, quando se trata de um jogador de 29 anos, não constituiu óbice, mostrando (ao contrário de Renato e Dantas, dois jovens com potencial, mas sem garantias) ser aposta segura para o Bayern.



Fuente