Cerca de 37% dos candidatos à 2.ª fase já estavam inscritos no superior

Foram colocados na 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, não se inscreveram em nenhuma instituição e não voltaram a procurar nova colocação na 2.ª fase, cujos resultados foram divulgados à meia-noite deste domingo. Aconteceu com 2717 dos 4695 estudantes que não concretizaram a matrícula após a colocação.

Segundo a informação enviada pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), deste grupo de alunos só 1978 acabaram por se candidatar de novo. No total, candidataram-se 19.644 estudantes e foram colocados 8029, o que significa que apenas 41% obtiveram colocação na 2.ª fase, um valor muito inferior ao registado na 1.ª (91%), que é também a mais concorrida. Havia 54.665 vagas disponíveis, foram colocados 49.963 estudantes.

Dos 19.644 candidatos à 2.ª fase, 7178 (36,5%) foram colocados na primeira etapa, inscreveram-se, mas optaram por mudar de curso mesmo antes de as aulas começarem. Este movimento terá sido potenciado pelo acréscimo de vagas, que praticamente duplicaram face ao seu valor inicial devido, sobretudo, aos estudantes que não se inscreveram, libertando estes lugares para outros: das 4966 vagas iniciais passou-se assim para 9659. Às quais, informa o MECI, “acresceram 2011 vagas libertadas por candidatos colocados e matriculados na primeira fase que foram agora colocados na segunda fase, mais 87 vagas adicionais”, disponibilizadas por instituições do superior.

Este aumento abrangeu também cursos de Medicina e de Engenharia Aeroespacial, que figuram entre os mais disputados.





Em 2023, o número de alunos que não se inscreveu após ter sido colocado rondou os 5700, um valor que responsáveis de instituições do ensino superior consideraram “pouco habitual”. Apontaram como uma das razões prováveis a possibilidade de vários destes alunos já frequentarem o ensino superior, tendo concorrido ao concurso de cesso para mudar de curso, mas depois decidiram não o fazer.

Quebra de uma regra com anos

Ao contrário do que é habitual, não é possível ao PÚBLICO avançar quais os cursos que tiveram mais estudantes colocados, nem os que tiveram médias de entrada mais ou menos elevadas, nem as vagas ocupadas em cada um, nem disponibilizar várias outras informações que permitem apresentar um retrato mais completo das instituições e estudantes envolvidos nesta operação.

Isto deve-se ao facto de o MECI não ter facultado à comunicação social, sob embargo, a lista de colocações por curso, quebrando deste modo uma regra com anos. Também a nota de síntese que a tutela costuma enviar à comunicação social não adianta, desta vez, nenhuma informação quanto aos cursos e características socioeconómicas dos colocados. Não permitindo assim aferir, por exemplo, se a tendência de queda entre os alunos carenciados se mantém.

Embora com valores menores, os resultados da 2.ª fase agora conhecidos são idênticos aos do 2023. Candidataram-se então 20.399 estudantes, foram colocados 8109, tendo sobrado 3936 para a 3.ª e última fase do concurso de acesso. Este ano são 3728.

O Instituto Politécnico de Bragança é a instituição com mais vagas (876) ainda por atribuir, mas figura também entre as que teve mais colocados (437) na 2.ª fase, uma lista que é liderada pela Universidade de Lisboa.

Na primeira etapa do concurso, Bragança ficou com grande parte das vagas disponíveis por ocupar. A presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos, Maria José Fernandes, explicou então que, nos últimos nos, aquela instituição tem conseguido ocupá-las num momento posterior com candidatos internacionais, em especial dos países lusófonos: “É a instituição de ensino superior que mais candidatos internacionais atrai em Portugal.”