A vida a passar nos Jogos Olímpicos

Com a chegada do tempo quente, o PÚBLICO introduz na sua edição impressa o P2 de Verão, um espaço com entrevistas de vida — como a que fizemos a Ana Garcia Martins, uma das primeiras profissionais a fazer dinheiro com as redes sociais e cujo blogue “Pipoca mais doce” celebra 20 anos —; inquéritos rápidos (e muitas vezes com respostas divertidas) a figuras conhecidas das mais diversas áreas; e, este ano, temos receitas, mas não são umas receitas quaisquer!

A jornalista Alexandra Prado Coelho leva-nos a conhecer quem está na cozinha e as suas histórias. A semana passada, conhecemos a mexicana Annakaren Fuentes, que ficou viúva do chefe de cozinha Hugo Dias Castro, recentemente, e leva o negócio por diante. Ensinou-nos a fazer Milanesas, como fazia a sua avó. Esta semana, visitámos a cozinha de Zé Paulo Rocha e a história de famílias numerosas, mas não são daquelas que passam na televisão, cheias de convicções e linhagemmas daquelas que conheceram bem a fome, que viam partir os seus filhos ainda pequenos para não morrerem na miséria, no Estado Novo. As papas de milho que o cozinheiro aprendeu a fazer com a tia, hoje numa receita mais aprimorada onde não falta flor de sal, calava a fome a muitas crianças, recorda.

Sobre os filhos que saíam de casa pequenos para servir na casa dos senhores nas cidades, vale a pena ler a crónica de Pedro Garcias sobre a criadagem (é também sobre Rui Moreira, o edil do Porto, mas o que interessa é que está muitíssimo bem escrita e retrata bem aqueles tempos). Pedro Garcias é cronista do Terroir, o site do PÚBLICO dedicada à vinha e ao vinho.

Voltando ao Ímpar, esta semana andámos embaladas nos Jogos Olímpicos de Paris, com histórias felizes como a da filha que ganhou exactamente a mesma medalha que o pai, 32 anos depois; ou a escola norte-americana que tem mais medalhas olímpicas na natação que muitos países. Escrevemos sobre assédio: o comité brasileiro decidiu reabrir um caso depois de uma nadadora, que foi expulsa por má conduta, voltar a falar do tema; e de um comentador britânico ter sido afastado da Eurosport por ter feito um comentário sexista. Quando li o comentário pensei: “Estamos a ficar demasiado sensíveis…”, mas, a verdade, é que se trata de uma afirmação que serve para perpetuar os preconceitos em relação às mulheres.

Também contámos histórias de amor, como a fazer casal franco-australiano que sonha com o ouro; e de amores tristes e trágicos, como o de Edith Piaf e Marcel Cerdan, o amor cantado por Céline Dion na abertura dos Jogos. Confesso que, depois de ter escrito a Boletim de Notícias de domingo passado, não resisti a, na segunda-feira, escrever sobre a cerimónia de abertura. Também a Inês Duarte de Freitas a acompanhou, mas do ponto de vista da moda e do peso que o conglomerado de luxo LVMH tem neste evento desportivo. No final da semana, a jornalista espreitou o equipamento das ginastas dos EUA e contou os cristais dos seus maiôs!

A Inês Duarte de Freitas escreveu ainda sobre o jovem Chelson Vunge, que ganhou uma bolsa, com o apoio da ModaLisboa, para estudar design. Vale a pena ler a sua história, que não é de privilégio. E dedicou tempo a perceber a origem da Temu, a plataforma chinesa que invadiu as vidas de quem compra online. Pelo caminho, marcou os 30 anos daquele Verão em que a princesa Diana se emancipou e usou um vestido que é um marco na história da moda e é conhecido pelo “vestido da vingança”. Lembra-se como era?

E volto aos Jogos para assinalar que estes não são feitos só de vitórias e derrotas, mas também de solidariedade, como a da velocista do Laos que voltou à pista para ajudar uma adversária que ficou caída. Porque o desporto também é feito de amor ao próximo.

Boa semana!

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