Cartas ao director

Governo de Israel: o horror não tem limites?

“Ninguém nos permite matar à fome dois milhões de pessoas, mesmo que isso seja justo e moral até eles devolverem os reféns.” Esta afirmação não pertence a Hitler, nem a Estaline, nem a Pol Pot, mas sim a Bezalel Smotrich, influente ministro de um governo que muitos insistem em considerar democrático.

Perante tal afirmação, não sei se hei-de espantar-me pelo incómodo que a mesma terá causado em diversas instituições, designadamente na Comissão Europeia, cúmplice na ultrapassagem da “ignomínia” a que Josep Borrell se referiu, se pelo descuido dessas mesmas instituições e da referida Comissão em relação a algumas das “pérolas” discursivas a que o Sr. Smotrich nos habituou desde tempos anteriores à guerra em curso.

Entre essas “pérolas”, vale a pena referir o descartar da existência de um povo palestiniano para além do próprio povo hebreu, proclamando que os “verdadeiros palestinianos” eram ele e os seus antepassados (20/3/2023), a existência de árabes israelitas em Israel simplesmente “porque Ben Gurion não acabou o serviço” (21/9/2023), o “extermínio” da cidade de Huwara, na Cisjordânia (1/3/2023), e a “emigração voluntária” dos árabes de Gaza para outros países do mundo (14/11/2023).

O mais grave, no meio disto tudo, consiste em que não estamos perante palavras inconsequentes, mas perante a expressão de uma estratégia a que é preciso pôr cobro: a expulsão dos árabes palestinianos da sua terra. Entretanto, perante o silêncio cúmplice de muitos, as Forças Armadas de Israel acabam de matar mais de 100 pessoas numa escola ou, como se diz na novilíngua dos senhores da guerra, num “centro de comando do Hamas”.

Luís Pardal, Lisboa

Faltam professores

As notícias sobre a aposentação de professores estão na ordem do dia, com consequências nefastas: muitos alunos vão ficar sem aulas no próximo ano lectivo. Este problema não é novo, já há uma década se previa este desfecho. Todos aqueles que, nos próximos três anos, se vão reformar fazem parte da vinculação maciça de professores decorrente da implementação do ensino obrigatório até aos 18 anos.

As sucessivas políticas educativas não acautelaram a renovação em tempo devido da classe docente e até se referiu o excesso de quadros, situação que contribuiu, em grande medida, para a desconsideração generalizada da profissão. O que irá acontecer nas escolas? Voltamos aos tempos do PREC, quando professores sem qualificação davam aulas?

Assim, em pleno século XXI, estas interrogações não anunciam um futuro educativo promissor e revelam, como apontava Camões, “a austera, apagada e vil tristeza” em que Portugal está mergulhado.

José Manuel Ventura, Entroncamento

Torga, o que quer Coimbra de ti?

Fazes hoje 117 anos. Sei que em Chaves (e em S. Martinho de Anta), a nossa amiga Assunção Enes já se lançou num projecto para te homenagear em 2025, por ocasião do 30.º aniversário da tua partida (parabéns, Assunção!). Mas, na tua “Agarez alfabeta”, o silêncio sobre a tua obra impera. Acontece que era normal termos no dia 12 de Agosto um passeio na tua Coimbra e visita guiada na tua casa, que terminava com um pequeno evento cultural. Contudo, este ano nada disto tem lugar; pior, ainda: a Casa-Museu Miguel Torga continua como era quando foi inaugurada, isto é, há 17 anos! Onde está a cozinha; e a garrafeira; e o quarto de dormir?

Meu caro Miguel, é triste dizer-te isto no dia dos teus anos, mas tu, “sinaleiro da esperança”, sabes que para atingir a “tríada bendita” (amor-verdade-liberdade) é necessário denunciar todos os dias os erros cometidos pela cidade que escolheste para viver e escrever.

José Cymbron, Lisboa

Onde fica a Sé de Lisboa?

Sé é a designação dada em Portugal à igreja onde funciona a sede de uma diocese, isto é, o local onde está a cadeira do bispo. Daí que em quase toda a Europa a designação dada a essas igrejas seja a de catedral. Mas, em Lisboa, o edifício conhecido como Sé funciona seis dias por semana como museu com entradas pagas, sendo as entradas gratuitas aos domingos à hora da missa. Nenhum serviço da diocese funciona na Sé de Lisboa, mas na Igreja de São Vicente de Fora, edifício profundamente remodelado pelo rei espanhol Filipe II. Na prática, é esse o edifício espanholado que funciona como Sé de Lisboa e não o edifício construído aquando da conquista da cidade aos mouros. É triste!

Carlos Anjos, Lisboa

O PÚBLICO Errou

Na notícia Portal das Matrículas continua aberto para inscrições no pré-escolarpublicada na edição de 10 de Agosto, afirma-se erradamente que este serviço só abrange escolas públicas. Na verdade, também contempla estabelecimentos do ensino privado e instituições particulares de solidariedade social (IPSS) ou equiparados. Pelo erro, o nosso pedido de desculpas.

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