Escola de Azambuja reabriu após aluno atacar colegas, mas cerca de 130 crianças não compareceram

A Escola Básica da Azambuja, onde na terça-feira um aluno esfaqueou seis colegas, está a “funcionar normalmente”, mas, entre as 450 crianças que a frequentam, cerca de 130 não compareceram às aulas nesta quarta-feira, afirmou o presidente da câmara.

“Esperamos que os pais tenham confiança e que amanhã [quinta-feira] já mandem as crianças para a escola”, disse o presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Silvino Lúcio.

Em declarações à agência Lusa, o autarca assegurou que a Escola Básica 1, 2 e 3 de Azambuja “é uma escola segura” e que a agressão registada na terça-feira “foi um acto isolado, até ao nível do país”.

“De qualquer forma, dizer aos pais para confiarem na escola, para confiarem nos professores, para confiarem nos assistentes operacionais e que a escola é um local seguro para os seus filhos estarem”, reforçou o presidente da Câmara de Azambuja.

Na terça-feira à tarde, um aluno de 12 anos atacou seis colegas, com idades entre os 11 e os 14 anos, com uma faca, tendo um deles, uma menina, ficado em estado grave.

Ainda na terça-feira, após o incidente, a directora da escola, Maria Madalena Miranda Tavares, anunciou que o estabelecimento iria reabrir esta quarta-feira no seu horário normal, dando também conta da presença de psicólogos no local para apoiar “os alunos, professores e assistentes operacionais”.

De acordo com o autarca de Azambuja, “a escola está a funcionar normalmente”, tendo aberto no horário habitual. “Houve um conjunto bastante significativo de alunos que os pais confiaram na nossa decisão, que foi da senhora directora e do Ministério da Educação, de abrir a escola no dia seguinte ao incidente”, realçou Silvino Lúcio.

Sobre o acompanhamento psicológico a quem necessita, inclusive às famílias das crianças feridas e à comunidade escolar, o autarca disse que existe “um conjunto de dez psicólogos”, dos quais quatro do município, quatro da unidade local de saúde e dois da escola secundária do concelho.

O grupo de psicólogos vai falar com todos os encarregados de educação para passar uma mensagem de “confiança na escola”, em particular aos dos alunos que não compareceram.

Sobre as seis crianças feridas, cinco meninas e um rapaz, em que uma delas não necessitou de receber cuidados hospitalares, houve quatro — três meninas e um rapaz — que foram encaminhadas para o Hospital de Vila Franca de Xira. Duas meninas tiveram alta ainda na terça-feira e já estão em casa, adiantou o autarca.

As outras duas vítimas que foram transportadas para o Hospital de Vila Franca de Xira permanecem na “sob vigilância clínica e estáveis”, informou a Unidade Local de Saúde do Estuário do Tejo, acrescentando que será dado apoio psicológico “a todas as crianças envolvidas directamente no ocorrido e aos seus pais/encarregados de educação”.

A menina que sofreu ferimentos graves e foi encaminhada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, encontra-se “estável”, disse fonte hospitalar, sem prever quando terá alta hospitalar.

O autarca de Azambuja adiantou que, apesar de permanecerem internadas, as crianças “estão bem de saúde”, informação que obteve após contacto com os pais.

Questionado sobre o percurso escolar do aluno de 12 anos responsável pela agressão aos colegas, o presidente da Câmara de Azambuja indicou que, segundo informação da directora da escola, que no ano passado foi professora dele, “era um aluno como os outros, tinha brincadeiras […]tudo perfeitamente normal, portanto nada levaria que tivesse tomado uma atitude destas”.

Silvino Lúcio recusou a ideia de que o aluno era vítima de intimidação na escola e sublinhou que as razões que levaram a esta agressão “são desconhecidas até ao momento”, esperando que a investigação consiga saber o que o motivou.

O aluno responsável pela agressão “foi detido em flagrante delito” e levado para um hospital “para avaliação psicológica”, disse fonte policial.

Após o crime, o aluno que agrediu seis colegas foi mantido numa sala de aula e ficou à guarda de elementos da GNR até ser interrogado pela Polícia Judiciária, que também realizou perícias no local.

Apesar de ter sido detido (como referiram também à Lusa outras fontes conhecedoras do processo), o menor não responde criminalmente, por ter menos de 16 anos.

A lei portuguesa prevê que possa ser aberto um inquérito tutelar educativo quando estão em causa factos qualificados como crime e praticados por menores entre os 12 e os 16 anos.

A Lusa questionou a Procuradoria-Geral da República sobre se o Ministério Público instaurou este inquérito, mas ainda não obteve resposta.

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