Festas, concertos, peças de teatro, filmes, manifestações ou até mesmo um hackatona – na noite de 24 de Abril, o país celebra a madrugada de 25 numa grande variedade de eventos espalhados por todo o país.

Celebram-se os músicos de intervenção da época, resistentes antifascistas como José Afonso e José Mário Branco, através de novos arranjos musicais, destaca-se o cinema de Abril realizado por colectivos da época e sai-se à rua por melhores condições de vida nos dias hoje ao reflectir sobre o passado. Tudo por um objectivo em comum: recordar e preservar a memória do dia que se tornou o símbolo nacional mais duradouro da resistência antifascista, da luta pela liberdade e pela democracia.

hackforddemocracia25A (gnração, Braga)

Ó hackforddemocracia25A é uma nova iniciativa do Circuito – Serviço Educativo Braga Media Arts – um hackatona onde 200 jovens, dos 13 aos 15 anos, são convidados a ocupar o gnraçãoespaço bracarense cultural de criação, desempenho e exposição, durante 12 horas consecutivas.

Com o intuito de relembrar e recriar a madrugada do 25 de Abril, esta iniciativa tem como objectivo “conceber soluções inovadoras que fomentem o envolvimento cívico e promovam os valores da igualdade, diversidade e não discriminação” num contexto cada vez mais digital. A iniciativa está integrada no plano de acção do projecto EU Digital Deal, que tem como objectivo explorar o impacto e a rápida aceleração das mudanças digitais.

O evento tem inscrições abertas no site fazer Braga Media Arts tanto para os jovens que queiram participar como para aqueles que tenham interesse em desempenhar o papel de mentores. Para este papel, procuram-se estudantes universitários da área da informática, tecnologia, ciências humanas e sociais, artes ou saúde.

O Cinema Unido Jamais Será Vencido (Batalha Centro de Cinema, Porto) – 19h15

Para quem prefere uma rota diferente, o Cinema Batalha irá dedicar, às 19h15, uma sessão especial ao cinema de Abril – focada nos anos após a revolução. Todos os filmes escolhidos foram criados colectivamente, pertencendo a cooperativas mais activas durante a época do PREC, como a Cinequipa, o Cinequanon, o Grupo Zero, a Unidade de Produção Nº1 do Instituto Português de Cinema (IPC) e a Célula de Cinema do PCP. As curtas-metragens mostradas documentam e reflectem o período revolucionário e marcam a viragem da produção cinematográfica em Portugal.

Irá também constar da programação uma colectiva de animação um pouco mais recente, o Filmógrafocom A Noite Saiu À Rua, que revisita “a longa noite do fascismo” a partir dos ensaios de Jorge de Sena, a música de Zeca Afonso e as obras de João Abel Manta. No final, haverá uma conversa com Acácio de Almeida, fundador do IPC e da cooperativa Grupo Zero.

A entrada será livromediante levantamento do bilhete no próprio dia, existindo um limite de dois bilhetes por pessoa.

Venham Mais 300! (Casa da Música, Porto) – 21h

Em homenagem ao cantor e compositor revolucionário Zeca Afonso, a Casa da Música apresenta não só “mais cinco” mas “mais 300” – uma orquestra composta por 300 músicos, entre eles alunos de flauta, clarinete e saxofone de escolas vocacionais e membros de bandas filarmónicas.


Num projecto realizado em parceria com a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), os músicos amadores, guiados pelo maestro Hélder Magalhães, fazem uma releitura de um conjunto de canções de intervenção de José Afonso para orquestra. O espectáculo será na sala Suggia e é possível comprar bilhetes, no valor de 8€, a partir do local na rede Internet da Casa da Música.

Concerto Canções de Abril (Avenida Central, Braga) – 21h30

Para lembrar aqueles que impulsionaram o 25 de Abril e o período revolucionário através das músicas de intervenção, Braga é anfitriã do concerto Canções de Abrilque acontecerá das 21h30 à meia-noite na Avenida Central de Braga.

O espectáculo serve também de homenagem aos 80 anos do cantor Adriano Correia de Oliveira, aproveitando para relembrar outros cantores de intervenção como José Mário Branco e Fausto. Será apresentado pelo grupo Canto D’Aqui e pela Orquestra Filarmónica de Braga, com o apoio da União dos Sindicatos e a participação do Coro de Pais do Conservatório de Música de Braga e do Coro de Abril.

Uma Ideia de Futuro (Praça do Comércio, Lisboa) – 22h

Juntando em palco a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, o Coro de Santo Amaro de Oeiras e o Coro da Escola Artística do Instituto Gregoria de Lisboa num total de 180 artistas, os músicos do concerto Uma Ideia de Futuro unem-se para descrever o retrato do Portugal actual e o caminho que percorremos até chegar aqui.

Seis jovens actores irão interpretar, cada um, uma história diferente em primeira pessoa, acompanhados pelas músicas de José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Lopes Graça e Carlos Paredes. Estas histórias e a música serão acompanhadas pela projecção de imagens para oferecer um maior contexto ao que é apresentado. O espectáculo apresentará, ainda, uma música inédita: Abril é Sempre Primavera, com letra de José Luís Peixoto e música de Luís Varatojo e Filipe Raposo.

Anterior a este espectáculo, ocorrerá ainda, em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abrilum mapeamento de vídeo na fachada do Terreiro do Paço, apresentando fotografias de Alfredo Cunha acompanhadas pela música de Rodrigo Leão.

A Rave da Liberdade (Hard Club, Porto) – 22h

Fruto do convite do Hard Club à DJ e activista Cativo, a Rave da Liberdade reúne artistas nacionais “cujo trabalho e luta pela liberdade são indissociáveis” para celebrar os 50 anos da Revolução.

A sala 1 da discoteca irá abrir às 22h com o podcast de Cativo, a Câmara Magmática, em conversa sobre o boatese a sua função como meio de liberação pessoal e consciencialização social. Terá a participação da DJ e activista palestiniana Saya, Runnan e Pedro Colaço das festas Bunda em Brasa e o colectivo artístico portuense Sarilho.


Marisa Liz e Convidadas: A Garota Não e Cláudia Pascoal (Largo José Afonso, Setúbal) – 22h

Protagonistas do espectáculo principal das celebrações organizadas pela Câmara Municipal de Setúbal, Marisa Liz, A Garota Não e Cláudia Pascoal assinalam os 50 anos do 25 de Abril com uma “experiência musical inesquecível” que se estenderá das 22h à meia-noite.

A cantora e compositora Marisa Liz apresenta o seu primeiro álbum a solo, Girassóis e Tempestadeque inclui músicas como Olha Lá e Foi Assim Que Aconteceue o seu mais recente EP Mensagens de Amor. Liz é acompanhada pelas convidadas especiais A Garota Não, cantora setubalense conhecida pelas suas reflexões e intervenções sobre os tempos actuais, Prémio José Afonso 2023, e Cláudia Pascoal, cantora e compositora portuense que participa com o álbum !!.

No fim do concerto, será entoada a Grândola Vila Morenacom colaboração do Coral Infantil de Setúbal e o Coro Feminino TuttiEncantus. Na Doca dos Pescadores, a cinco minutos do Largo José Afonso, será ainda lançado fogo-de-artifício à meia-noite para assinalar o começo do 25 de Abril.

festa do pijama [Dormifestação] (Teatro Municipal Rivoli, Porto) – 23h30

Inserido no ciclo do DDD – Festival Dias da Dança, o artista Roger Bernat / FFF convida o público a pernoitar no Teatro Rivoli para protestar a actual crise habitacional e a especulação mobiliária. “É possível pagar um apartamento partilhado ou um quarto decente com um salário?” é a questão lançada por esta manifestação ao público, mencionando, no site do teatro municipalum mercado imobiliário especulativo “que nos está a expulsar das nossas cidades”.

Esta “dormifestação” terá uma duração de oito horas e meia, começando às 23h30 com a Despejosseia (Despejo + Odisseia), uma mobilização e acção pela habitação, até às 0h30. A partir daí, irão prosseguir com um protesto de não-acção, onde várias pessoas dormirão à vez no teatro. A qualquer altura, o sono poderá ser “adornado com histórias, música ou silêncio”.


O evento é de entrada gratuita mediante levantamento do bilhete no dia e a organização irá fornecer camas e colchões, sendo necessário levar sacos-cama, almofadas e cobertores.

A Noite,de José Saramago (Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery) – 1h

Com estreia à 1h00 da manhã, o Grupo de Teatro de Jornalistas do Norte apresenta uma rendição própria da peça de 1979, A Noitede José Saramago. A obra decorre na redacção do Jornal de Lisboa, na madrugada do 25 de Abril, quando os jornalistas se deparam com os rumores da revolução e lidam com a transformação da informação que vai chegando em notícia.

Surge também um “novo rumor” nos ensaios: “De que o próprio jornalismo teria morrido”. Nesta noite, os jornalistas tentam confirmar (ou não) este novo boato. Adaptação de Simão Freitas e João Gaspar com encenação de Jorge Louraço Figueira e Leonor Wellenkamp Carretas, este espectáculo tem a participação de 14 jornalistas (incluíndo do PÚBLICO) e já é possível comprar bilhetes por 7,50€.




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