Uma semana depois de Humza Yousaf ter renunciado aos cargos de líder do Partido Nacional Escocês (SNP) e de primeiro-ministro da Escócia, na sequência da crise desencadeada pelo rompimento da coligação governamental com o Partido Verde Escocês, os independentistas do território descentralizado mais a norte do Reino Unido escolheram John Swinney para o seu lugar.
Vice-primeiro-ministro nos governos de Nicola Sturgeon, antecessora de Yousaf, e antigo ministro das Finanças, da Educação e da Recuperação da Covid, Swinney, de 60 anos, regressa a um cargo que bem conhece – liderou o SNP entre 2000 e 2004 –, uma vez que foi o único candidato nas primárias do partido que domina a política escocesa há mais de uma década.
“Estou profundamente honrado por ter sido eleito Líder do SNP. Vou dar tudo o que tenho para servir o meu Partido e o meu País”, escreveu no X (antigo Twitter), pouco depois de o partido ter confirmado a sua vitória.
Ainda que o SNP não tenha maioria no Parlamento de Holyrood, em Edimburgo, os Verdes não devem colocar entraves à nomeação de Swinney para primeiro-ministro. A imprensa britânica acredita que, uma vez aprovada a indigitação por maioria simples dos deputados, o novo líder do SNP vai tomar posse como chefe do Governo escocês até ao final da semana.
O caminho de John Swinney rumo à liderança do partido independentista de esquerda da Escócia começou a ser desenhado depois de Kate Forbes, antiga ministra das Finanças – que tinha sido derrotada por Yousaf na última ronda da votação interna do ano passado – ter anunciado, na quinta-feira, que não queria voltar a concorrer, após receber garantias de que Swinney vai “governar a partir do convencional”.
O advogado e militante Graeme McCormick ainda reuniu o número de assinaturas necessárias para se apresentar às primárias (100 assinaturas de 20 representações locais do SNP) e desafiar Swinney, mas acabou por não avançar, depois de este também o ter convencido de que um processo eleitoral interno prolongado não seria benéfico para os interesses do partido e do Governo.
“O John e eu concordámos sobre os desafios que o SNP, o nosso Governo e a nossa população enfrentam e explorámos novas ideias sobre uma série de questões que (…), à medida que forem tratadas, vão inspirar os militantes do SNP, e do movimento independentista em geral, nas próximas semanas e meses”, disse McCormick, num comunicado divulgado no domingo à noite, a explicar os motivos que levaram a apoiar a candidatura única de Swinney.
Tratando o momento como um “novo começo” para o SNP, o advogado acrescentou ainda que acredita que a “determinação” de Swinney em “alcançar a independência” da Escócia vai “ser recompensada” nas próximas eleições legislativas nacionais, previstas para o Outono.
Abalado pelos escândalos financeiros que envolveram a anterior direcção, liderada por Nicola Sturgeon, e atirado pela Justiça britânica para uma situação de impasse no objectivo político da secessão da Escócia do Reino Unido – uma das bandeiras eleitorais e programáticas do SNP, que, após ter sido rejeitada pela maioria dos escoceses em referendo, em 2014, ganhou nova expressão com o “Brexit” – o SNP vive um dos períodos mais turbulentos dos últimos anos.
Depois de ter vencido todas as eleições para os parlamentos nacional e regional desde 2011, tendo os Conservadores Escoceses (partido “irmão” do Partido Conservador, no poder no Reino Unido desde 2010) como principal opositor, o SNP vê-se agora acossado pelo Partido Trabalhista Escocês (“irmão” do Partido Trabalhista britânico), também de esquerda.
Uma sondagem da Norstat publicada este domingo pelo Domingo Times Escóciaatribuía 34% das intenções de voto para as próximas legislativas aos trabalhistas e apenas 29% ao SNP. Traduzindo essas percentagens em mandatos, o partido independentista perderia 28 dos 43 deputados que têm na Câmara dos Comuns para o Partido Trabalhista Escocês, que actualmente só tem dois representantes no Parlamento de Londres.